NUNCA MAIS!
- Maura Palumbo
- 25 de fev.
- 3 min de leitura

Muitas vezes, nas monitorias do Memorial do Holocausto, em São Paulo, fui questionada sobre a possibilidade de se repetir o genocídio perpetrado pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, contra grupos considerados indesejáveis pelo regime, principalmente judeus. Minha convicção só apontava para uma resposta: nunca mais!
O meu "nunca mais" era regido pela fé na humanidade. Algo tão monstruoso não poderia acontecer de novo. Mas, eu estava enganada.

Hitler e seus asseclas faziam parte de uma legião demoníaca, que conduziu a nação alemã e o mundo ao caos. Um cataclismo ideológico iniciado com a perseguição e consumado pelo extermínio. Era improvável que o mundo protagonizasse esse "remake" sombrio. Mas, 7 de outubro de 2023, revelou que o manual Mein Kampf (*) continua sendo o script de um enredo macabro de cólera e horror.

O fatídico 7 de outubro é o dia mais trágico, para os judeus, desde o Holocausto. O antissemitismo, doença milenar, sem cura e que contamina os desprovidos de alma, mantém a desordem sádica que se espalha com a mesma intensidade e manipulação da propaganda nazista. Os seguidores da doutrina nazi que desfilavam com seus elegantes uniformes criados por Hugo Boss, agora usam fardas de combate com faixas verdes na altura da testa, mantendo seus rostos cobertos e ostentando poderoso armamento. As criaturas sem face pertencem ao grupo terrorista Hamas.
Tanto o nazismo, como qualquer grupo extremista, buscam legitimar o massacre. Roubam mentes, corações e o futuro. O fanatismo conduz a uma obediência cega e desde muito cedo, os cidadãos aprendem a respeitar o inimaginável. Os heróis da chacina do século 21 ganham projeção e são glamourizados nas redes sociais. E assim, o inacreditável acontece: os mesmos que condenavam o nazismo, apoiam a bestialidade.

A carnificina do dia 7 de outubro não atingiu apenas o Estado de Israel, mas todo o povo judeu e cada um de nós que assistiu à barbárie de corpos mutilados, bebês degolados, mulheres estupradas, jovens fuzilados e vítimas sequestradas.
A violência une os predadores em atos que reafirmam sua brutalidade. O maior inimigo do Hamas é a paz. Nem mesmo seu povo miserável é poupado da ira do grupo. Os terroristas atiraram e espancaram civis que tentaram pegar comida e água dos caminhões de ajuda humanitária. Há muito tempo os recursos de Gaza e toda ajuda internacional, destinada ao povo palestino, é desviada para alimentar a máquina bélica do Hamas.
No quesito: lesar o próprio povo, a política de esquerda se alia ao grupo terrorista. Há uma identidade ideológica em comum: ambos são letais.
Faz 80 anos que a Segunda Guerra terminou e até hoje a doutrina nazista tem admiradores. A maioria sequer sabe que a Alemanha é um país europeu. Mas, acha incrível espancar pretos, homossexuais e judeus e tatuar uma suástica na panturrilha. O mesmo acontece com os defensores do Hamas. Os adeptos da cultura woke são seus apoiadores, mas ignoram que seriam repelidos e castigados no primeiro movimento feminista. Outra devota apoiadora é a comunidade LGBTQIA+ porém, atividades homossexuais são crimes contra a lei islâmica e a punição é a pena de morte.
Assim como a dureza implacável dominava as Unidades da Caveira da SS, a severidade sem misericórdia governa as mentes doentias do Hamas. As aberrações se avolumam em um cenário dantesco, onde a imposição de ideais extremistas é regra fundamental.
Não precisamos ser judeus para sentir a fúria do antissemitismo. Não precisamos ser judeus para sentir a aflição daqueles que foram confinados e deportados rumo à morte, para os degradantes campos nazistas. Não precisamos ser judeus para repudiar países e organizações que financiam o ódio. Não precisamos ser judeus para condenar a coreografia execrável, orquestrada pelo Hamas, na libertação dos reféns. Basta sermos humanos!
Estamos presos no cativeiro da nossa insensibilidade, quando acreditamos que conflitos acontecem longe de nós. Perdemos a noção do valor da vida quando deixamos de nos importar com a dor alheia. O sofrimento não tem fronteiras, nem crença. Ele invade e corrói. Não se limita a uma tela virtual. Ele é real.
O "nunca mais" se perdeu dentro da esperança enfraquecida e para aqueles que um dia me perguntaram se a tragédia poderia se repetir, minha resposta é: não permitam!
(*) Mein Kampf: Considerado a bíblia do nazismo, o livro Minha Luta, de autoria de Adolf Hitler, explora sua ideologia radical e extremista.
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