Conhecendo o Mundo Islâmico
- Maura Palumbo
- 13 de jun. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 15 de jun. de 2024

O mundo islâmico, é vasto e diverso e abrange países em todos os continentes, desde o Oriente Médio e Norte da África até partes da Ásia, Europa e África Subsaariana, formando uma comunidade global unida pela fé e diversidade cultural.
Vai além da esfera religiosa, influenciando aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos das sociedades onde é praticado. Desde a sua fundação, a civilização islâmica contribuiu significativamente para a ciência, a medicina, a filosofia, a arte e a arquitetura, deixando um legado duradouro na história mundial, abrangendo uma ampla gama de culturas, tradições e práticas religiosas.
A RELIGIÃO ISLÂMICA

A religião islâmica é a terceira religião monoteísta*, acredita em um só Deus, chamado Alá, e a segunda maior do mundo** em número de fiéis, contando com 1,8 bilhão de adeptos.
A palavra "Islam" tem origem na língua árabe e significa rendição, submissão ou entrega voluntária a Deus. Além disso, o termo "Islã" deriva da palavra árabe "salam", que literalmente significa paz.
Fundada no século VII, a religião islâmica, nasceu a partir das revelações recebidas pelo profeta Maomé na Península Arábica.
Iletrado, Maomé recitou tais revelações feitas por Alá, e após sua morte esses ensinamentos foram reunidos e compilados no Alcorão, livro sagrado que em árabe significa recitação.
*A primeira religião monoteísta é o judaísmo e a segunda é o cristianismo.
** A primeira é o cristianismo
Princípios Religiosos
Os princípios religiosos do Islã incluem:
A profissão de fé, com a crença em um único Deus absoluto (Alá) e em Muhammad como seu profeta.
Realização de orações cinco vezes ao dia: às 5h30, 12h, 15h30, 18h e 19h30.
Abstinência de relações sexuais e jejum (entre o amanhecer e o anoitecer) durante o mês do Ramadã.
Prática da caridade, cedendo uma parcela da renda anual.
Peregrinação a Meca, se o fiel tiver condições financeiras.
Divisão Religiosa do Islamismo

Xiitas e sunitas são os dois principais ramos que surgiram dentro do islamismo. A religião se estabeleceu a partir do profeta Maomé no século VII. A divisão entre xiitas e sunitas está relacionada à sucessão do profeta após seu falecimento em 632 d.C.
Os xiitas, que representam cerca de 10% dos muçulmanos, defendem que apenas descendentes do profeta através de Ali Bin-Abu Talib, primo de Maomé, poderiam liderar os muçulmanos. Eles são considerados mais tradicionalistas, conservando as tradições do livro sagrado e seguindo à risca as interpretações antigas do Alcorão e da Sharia.
Os sunitas, que constituem aproximadamente 90% dos muçulmanos, acreditam que qualquer muçulmano virtuoso poderia suceder o profeta, apoiando Abu Bakr. Eles defendem que o califa (chefe de Estado e sucessor de Maomé) deve ser eleito pelos próprios muçulmanos.
Atualmente, o Irã e a Arábia Saudita são as maiores potências xiita e sunita, respectivamente.
O SISTEMA JURÍDICO

Sharia é como se define o sistema jurídico do Islã. É um conjunto de normas derivado das orientações do Alcorão, representando um código penal com conduta extremista. É a jurisprudência das fatwas, ou seja, pronunciamentos legais de estudiosos do islã.
A Sunna é a segunda fonte da legislação islâmica, composta por textos ou hadiths, que são os ditos e feitos de Maomé tradicionalmente transmitidos. Juntamente com o "ijma" (consenso da comunidade) e os "qiyas" (interpretação analógica dos ensinamentos sagrados), formam a base da jurisprudência islâmica.
ISLAMISMO X MUÇULMANO X ÁRABE
É importante não confundir os termos "islamismo", "muçulmano" e “árabe”.
Islamismo refere-se à religião islâmica, incluindo suas crenças, práticas, doutrinas e sistema jurídico.
Muçulmano refere-se ao indivíduo que segue a religião islâmica. Um muçulmano é aquele que acredita e pratica os ensinamentos do Islã.
Árabe refere-se a membro dos povos semitas de origem arábica que falam o idioma árabe.
É importante não confundir a religião muçulmana com o idioma árabe. Nem todo muçulmano fala árabe.
PAÍSES MUÇULMANOS
O mundo muçulmano é extremamente diverso, tanto em termos de língua quanto de localização geográfica. Países onde a maioria da população segue o Islã são encontrados em várias regiões do mundo, cada um com suas próprias características culturais e históricas. Desde os países de língua árabe do Oriente Médio até as vastas nações de outras línguas na Ásia e na África, o Islã une essas regiões por meio de uma fé comum. Com uma presença significativa em países de maioria muçulmana e uma grande população absoluta de muçulmanos em várias partes do mundo, o Islã continua a ser uma força cultural e social vital globalmente.
Podemos dividir esses países em diferentes categorias: países muçulmanos de língua árabe, países muçulmanos de outras línguas, países com maior percentual de população muçulmana e países com o maior número absoluto de muçulmanos.
Países Muçulmanos de língua Árabe

Os países muçulmanos de língua árabe são predominantemente localizados no Oriente Médio e no Norte da África. Entre eles estão:
Arábia Saudita: O coração do mundo islâmico, onde se localizam as cidades sagradas de Meca e Medina.
Egito: Um dos países mais populosos do mundo árabe, com uma rica história islâmica.
Emirados Árabes Unidos: Conhecido por suas cidades modernas como Dubai e Abu Dhabi, onde a prática do Islã é parte fundamental da vida cotidiana.
Jordânia: Importante por seu patrimônio histórico e religioso.
Marrocos: Um país do Norte da África com uma cultura islâmica vibrante e diversificada.
Outros países árabes com maioria mulçumana são: Argélia, Bahrein, Catar, Comores, Djibuti, Iêmen, Iraque, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Omã, Síria (suspensa), Somália, Sudão, Tunísia e Palestina (Faixa de Gaza e Cisjordânia)
Esses países não apenas compartilham a língua árabe, mas também têm o Islã como religião majoritária e um elemento central de suas identidades nacionais.
Países Muçulmanos que não falam Árabe

Existem muitos países onde o Islã é a religião predominante, mas a língua árabe não é amplamente falada. Alguns exemplos incluem:
Indonésia: O maior país muçulmano do mundo em termos de população, onde o idioma oficial é o indonésio.
Paquistão: Com uma grande população muçulmana, onde as línguas oficiais são o urdu e o inglês.
Turquia: Um país com uma rica herança islâmica, onde a língua turca é falada.
Irã: Predominantemente muçulmano xiita, com o persa como língua oficial.
Nigéria: O país mais populoso da África, com uma significativa população muçulmana no norte, onde diversas línguas locais são faladas, incluindo hausa e inglês.
Outros países com maioria mulçumana e que não falam árabe são: Bósnia e Herzegovina, Azerbaijão, Albânia, Etiópia, Bangladesh, Eritreia, Gâmbia, Quirguistão, Maldivas, Mali, Brunei, Turcomenistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Serra Leoa.
Esses países mostram a diversidade linguística e cultural do mundo muçulmano, evidenciando que o Islã transcende barreiras linguísticas.
Países com maior percentual de Muçulmanos

Alguns países têm uma alta porcentagem de população muçulmana, sendo que Afeganistão, Marrocos, Tunisia, Iraque, Irã e Iêmen mais de 99% da população é muçulmana.
Nesses países, a prática do Islã permeia todos os aspectos da vida cotidiana e as instituições sociais e políticas.
Países com o maior número absoluto de muçulmanos

Além de Indonésia e Paquistão que são os países que mais possuem muçulmanos no mundo, outros países com grandes populações muçulmanas incluem:
Índia: Embora os muçulmanos representem uma minoria, a Índia também possui uma das maiores populações muçulmanas do mundo em termos absolutos.
Bangladesh: Outro país densamente povoado com uma maioria muçulmana.
Nigéria: Com uma grande população muçulmana, especialmente no norte.
Esses países, apesar de sua diversidade étnica e linguística, compartilham um elemento comum: uma significativa presença muçulmana que influencia profundamente suas culturas e sociedades.
LIDERANÇAS ISLÃMICAS

Emir é um título dado a pessoas que exercem papéis de liderança nas sociedades islâmicas. O Catar, por exemplo, é governado por um Emir, que vem do árabe "Amir" e significa "comandante" ou "príncipe". No Oriente Médio muçulmano, Emir é um comandante militar ou até um governador de uma província. Além dos chefes executivos do Catar, os governantes do Kuwai e dos Emirados Árabes Unidos também levam o título.

Sultão é uma autoridade moral ou espiritual, de acordo com Alcorão ou Corão (livro sagrado do Islã). O termo passou a ser utilizado como título por soberanos muçulmanos entre o final do Século X e o início do Século XI. Atualmente intitula Gaboos bin Said Al Said, sultão de Omã.

Califa significa "sucessor" em árabe e se refere a um governante da comunidade muçulmana. Começou a ser usado após a morte do profeta Maomé, quando um dos companheiros dele e um dos primeiros convertidos ao islamismo foi eleito líder pela maioria dos muçulmanos. Apesar do título, não é um mensageiro de Deus.

Sheik, xeique ou xeque, muitas vezes atribuído a alguém muito rico, o termo é utilizado antes mesmo do próprio surgimento do islamismo. Derivado de “shakha” (ancião), serve para se referir a um homem venerável de mais de 50 anos. Hoje, a palavra é utilizada para chefes de ordens religiosas, tribos, entidades de ensino, aldeias e até mesmo de bairros.
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